segunda-feira, 4 de junho de 2012

Calígula, o Imperador demente!

  
 Quando Tibério faleceu a 16 de março de 37, a sua posição e títulos adquiridos como princeps foram transferidos a Calígula e ao neto de Tibério,Tibério Gemelo. Apesar de Tibério ter então 77 anos, alguns historiadores defendem que foi assassinado. Tácito escreve que o praefectus Macro asfixiou o imperador a fim de garantir a ascensão de Calígula; Suetônio afirma que até mesmo o novo herdeiro pôde ter sido o autor do assassinato. Pela sua vez, Fílon e Josefo registram que Tibério faleceu por morte natural. Respaldado por Macro, Calígula foi designado imperador em solitário ao anular o testamento de Tibério alegando demência deste ao outorgá-lo.
  Os primeiros atos de Calígula como imperador foram generosos com o povo e o exército embora, segundo Dião Cássio, fora em parte devido a simples interesses políticos: O imperador concedeu à guarda pretoriana e às tropas urbanas e fronteiriças uma generosa recompensa pelos serviços prestados, a fim de ganhar o apoio do exército. Destruiu os documentos nos quais ficaram registrados os nomes dos acusados de traição durante o mandato de Tibério, declarou que os juízos por traição eram coisa do passado e chamou para Roma os exilados. Ajudou os afetados pelo sistema de impostos imperial, desterrou os delinquentes sexuais e celebrou luxuosos espetáculos, tais como os combates de gladiadores, ganhando assim o apoio do povo. Também recolheu os ossos da sua mãe e os seus irmãos e depositou-os no Ara Pacis.
  Os atos que transformaram Calígula em um demente ficaram expressivos em uma época em que o império ficou paralisado ao receber a notícia da doença do seu imperador, pois o seu jovem monarca levara-os para um período de prosperidade que diziam equiparável ao de Augusto. Embora Calígula conseguisse recuperar-se por completo desta doença, o estar tão perto da morte marcou um ponto de inflexão no seu modo de reinar, tal qual indica Josefo.
  Após recobrar a saúde, Calígula ordenou assassinar várias pessoas que prometeram as suas vidas aos deuses se o imperador se recuperava. Forçou a cometer suicídio àqueles exilados durante o seu reinado: a sua esposa; o seu sogro, Marco Silano; e o seu primo, Tibério Gemelo.
  Fílon escreve que Gemelo instigou uma conspiração contra Calígula enquanto o imperador estava enfermo. Antes de se suicidar, Silano foi julgado por Calígula pois Júlio Grecino, o encarregue de justiçá-lo num primeiro momento, recusou, sendo executado por isso. Suetônio crê que estes complôs eram pura imaginação do imperador.
  Em 40, Calígula desenvolveu uma série de políticas muito controvertidas que fizeram da religião um importante elemento do seu papel político. O imperador começou a realizar as suas aparições públicas vestido de deus e semideus, como HérculesMercúrioVênus e Apolo. Referia a si mesmo como um deus quando comparecia ante os senadores, e ocasionalmente aparecia nos documentos públicos com o nome de Júpiter. Erigiu três templos adicados a si mesmo; dois em Roma e um em Mileto, na província da Ásia. No Fórum, o Templo de Castor e Pólux foi vinculado diretamente à residência imperial no Palatino e dedicado a Calígula. Foi a esta época que começou a aparecer como um deus frente da plebe.
  A política religiosa de Calígula rompia totalmente com a dos seus predecessores. Segundo Dião Cássio, os imperadores vivos podiam ser adorados no Oriente , enquanto os imperadores mortos o podiam ser em Roma. Augusto até mesmo escreveu uma obra a respeito do seu espírito, embora Dião considere este ato como uma medida extrema que os imperadores preferiam esquivar. Calígula foi muito mais além ao obrigar o senado e o povo a render-lhe culto em vida.
As fontes sobreviventes oferecem um importante número de histórias a respeito de Calígula que ilustram a sua crueldade e a sua demência.
  As fontes contemporâneas, Fílon de Alexandria e Sêneca, o Moço, descrevem o imperador como um demente irascível, caprichoso, derrochador e enfermo sexual. Era acusado de alardear de se acostar com as mulheres dos seus súditos, de matar por pura diversão, de provocar uma fome ao gastar demais dinheiro na construção da sua ponte, e de querer erigir uma estátua de si mesmo no Templo de Jerusalém com o objeto de ser adorado por todos.
  Fontes posteriores, entre as que se destacam Suetônio e Dião Cássio, repetiram nos seus relatos os fatos indicados por autores anteriores e acrescentaram novas histórias de loucura. Calígula foi acusado de manter relações incestuosas com as suas irmãs:Agripina a Menor, Drusila e Júlia Livilla. Seutônio o descreve com tendo:"Estatura alta,corpo enorme,de pescoço e pernas delgadas.Olhos fundos,fronte larga e carrancuda e cabelos raros e alto da testa desguarnecido.Tinha corpo cabeludo e rosto horrível e repelente,e ele procurava torná-lo cada vez mais feroz,ensaiando diante de um espelho,para inspirar terror e espanto". Também se disse que as obrigara a prostituir-se. Além disso, estes historiadores acusam de enviar algumas tropas a efetuar exercícios militares absurdos, e de tornar o palácio num bordel. Provavelmente a história mais famosa é a que conta que o imperador quis nomear o seu cavalo, Incitatus, cônsul e sacerdote.
  A validez destas fontes é questionável pois, na cultura política romana, a demência e a perversão sexual iam da mão nas crônicas que descreviam os maus governantes.
 E finalmente, Segundo Josefo, as ações do imperador desencadearam uma série de conspirações na sua contra, até finalmente ser assassinado; no mesmo, viram-se envolvidos os integrantes da guarda pretoriana, liderados por Cássio Querea. Embora o complô fosse concebido somente por três homens, é provável que muitos senadores, soldados e equites estivessem à par do mesmo e, de certa forma, envolvidos.
 De tanto falar sobre o império deste monarca, fica uma pergunta, será mesmo que calígula pode ser considerado um demente ? Certamente o que se vê é que um homem com muito poder pode sim se tonar um louco ou um demente, que acredita ser um deus.











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